quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Adeus 2009
O céu chora os últimos instantes
De 2009 a chuva vai levando ladeira abaixo
O passado em dores de festividades
Regando o pranto já com o sorrir da saudade
O céu chora e os meus olhos com ele
Em plena sintonia verte a mesma lágrima
O céu assiste as alegrias poucas...
As esperanças parcas e vazias...
E 2009 desce ladeira abaixo...
Retalhos e fragmentos de ontem vestem nossos corpos
E nos despem em sentimentos que não nos deixarão...
Em vão sorrimos em lágrimas
Em vão bebemos a sidra..
Em vão fazemos planos...cantamos... brincamos
Mas, o céu continua e continuará a derramar sua lágrima
Saudades do ontem? Não sei nem ele sabe...
Sei que choro a mesma lágrima do começo e do fim
E que 2010 como todos os outros seja assim no fim
Chorando do céu lágrimas de saudade em mim
O toque de tuas mãos
Leve sempre leve...
Peço-te que sejas leve... sempre leve
Plumas flutuantes no céu
E, eu deitado envolto no véu dos teus cabelos
E você menina, e você mulher...
Sorrindo-me a vida... brevemente leve
Sempre leve... alçando voo solto
Eu em teus braços tão leve...sempre leve...
Mergulhando no profundo... bem fundo
E cada vez mais leve... como o toque de tuas mãos
Como o brilho dos teus olhos
Como o afago do teu colo
Como o perfume de tua pele branca...
Tão branca... tão leve... como a neve..
No frio de nossas despedidas...ah....peço-te
Que sejas sempre assim leve... como a canção
Que as lágrimas nos impede de ouvir...
Leve como o meu olhar a buscar nas estrelas
A luz irradiante dos teus olhos...
Que deitaram sobre mim a poesia do teu ser...
Esse ser assim sempre leve...
A verdade das águas
Que toda verdade seja dita
Viver é morrer a cada dia
Querer solver da vida
Cada partícula e desertar-se
Em ilhas de agonia filha ingrata
De toda fantasia que inspira
E ilumina o sol de nossas vidas
Agarrar com unhas e dentes
A serpente que nos fez enxergar
E desvendar do bem e do mal
A tragédia que é a vida...
Que toda verdade seja dita
Ditando cada palavra finda
No expressar da boca...
Eu divisando-te louca
Em meus braços nos abraços
Da saudade que nos une em distância
E, eu sempre deserto de minha alma
Eu ânsia de minha angústia
Dúvidas... dúvidas que me apavoram
E devoram meu sossego
E toda sombra de certezas se desvanecem
Tecendo na delicadeza das águas
O meu pensamento buscando-te às margens
Do rio de minha existência cada vez mais finda...
Ave de rapina
A experiência nos ensina a morrer
Morrer é o nome da experiência
Morrer a empolgação inicial da vida
Mas, eu roubarei cada gota que me for possível
Serei salteador, assassinarei cada incredulidade
Que se por em meu caminho, cada descrença
Que me impuser o desânimo...sim, roubarei
Da vida cada gota da felicidade negada
E como uma ave de rapina, me alimentarei dos restos de alegrias
Que cruzarem o meu destino
Mas, não desistirei e nem me entregarei
A resignação de seguir morto por ter me feito forte e corajoso
A experiência é a sapiência dos fortes, serei fraco
Terei talvez pela metade, mas terei
E serei mesmo que pela metade o absoluto de mim
Seja a metade que me cabe, e a outra negada...
Serei feliz na minha miséria, no pouco que me foi entregue
E nessa metade me entregarei inteiro
E seguirei como ave de rapina me alimentando
Do despojo de felicidade
Que me cai da mesa dos sonhos
Do absurdo de viver... e morrei inexperiente ...
Mas morrerei vivo para cantar-te a minha baixeza...
Para lembrar-te
É com a noite nos olhos...
Que me deito para lembrar-te em sonhos
Para tocar-te em espasmos que me despertam
Confundindo mundos e sentidos
É com a noite nos olhos...
Que me deito na cama de minhas vontades
Para tocar-te com meu olhar a desvendar
Teus mistérios, meu império todo aos teus pés
É com a noite nos olhos...
Que pressinto a escuridão de minha tristeza
Que ganha em beleza e felicidade no azul
Da saudade dessa noite escura a te procurar...
É com essa noite em meus olhos
Que me deito para despertar em teus braços
Onde sempre me pego a sonhar...
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Melhor calar
Como não dizer que o silêncio me toca profundamente
Se me calo sempre pressinto sua chegada
Se me deito sempre as margens dessa estrada já tão desgastada
Como não dizer que o silêncio me toca assim estranhamente
Se em minha mente dorme paralisado um sol poente
Se me esqueço alucinadamente de levantar dia feliz
Como não dizer que o silêncio me toca poeticamente
Se, é em suas notas mudas e de pausa profunda que ouço a solidão
Se, é justamente essa melodia do silêncio que me sangra o coração
Como não dizer que espero o inesperado assim tão desesperado
Se nos olhos cansados da busca que não finda o silêncio sempre me espera
Se ele sempre encerra com o vazio o denso alarde de minhas ilusões
Companheira noturna
Quando a saudade pela manhã
Orvalhar as flores em gotas de lágrimas
Beijarei teus olhos ainda que em pensamento
Quando o momento for único como único é o perfume
Das rosas rubras como os teus lábios
Revelar-se-a o lamento da noite no sorriso da manhã
Quando pela manhã a saudade
For minha companheira única e verdadeira
Tocarei teu corpo ainda que na condição de uma brisa
Leve e marítima acariciando as ondas...
Você vinda das espumas como uma deusa grega...
Serei o vinho a esquentar-lhe a pele...
E beberei dessa saudade toda a sua presença....
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Gira-Sol
Eu em teus braços
No teu regaço
Em teu espaço
Na melodia do teu perfume
O ar como de costume
Impregna a música
De minha respiração...
Ah... sonho que me acorda
Que me desperta
Sempre que me deito em teu colo
Levanto no horizonte de minha alma
A paz, a calma de se querer
De saber-se quisto...
Fora crepuscular o início
Quando o meu o teu olhar como numa manhã tímida
Que dizia das flores que desabrochariam
Eu quase já assistia envolto em teus braços
Como uma criança que ensaia os primeiros passos
E com medo da primeira queda hesita o caminhar
Mas, como todo medo acorda a coragem
Decidimos por caminhar o mapa dos nossos corpos
Com nossas mãos e o chão...
Ah... o chão desaparecera, se perdera
Como nosso olhar
Em busca do sentido como quem
Almeja desvendar os segredos do universo
E esse mesmo universo nos deu as estrelas
Para os nossos versos escreve-la brilhante e luminosa
O que de crepúsculo restara sol quente e firme
Em nossa carne transpassada pela seta de Heros
Que agora sorri em nossa boca...
Que agora chora em nossos olhos...
Deus da Paixão e da chama que arde em nossa cama
Espuma das ondas onde fenece o mar
A sede na boca Afrodite e o anseio de Amar
Vinho de vermelho sangue correndo desesperado
Para o coração e escorrendo em nossas lágrimas...
Transbordando a taça o sangue das uvas...
A mesma onde bebera do mesmo amor...
Tristão e Isolda....
Ah... eu em teus braços, em teu regaço...
Eu criança e você menina... eu garoto e você...
Você cada vez mais linda...correndo entre os girassóis
Eu te olhando... te olhando... olhando minha felicidade...
Esvoaçante entre os girassóis...
E o sol desse verão que as águas de março
Derramará em saudades... ficará para sempre em meu peito
Fenecer
Meu futuro não alcança os teus braços
Não caminham os teus passos
E, em minhas mãos há tantos futuros
Que não vi acontecer... e por isso
Anoiteço os meus olhos quando a chuva
Dá o ar de sua graça e encharca minha alma
De solidão... os meus braços não alcançam
O futuro... os meus passos não caminham
A direção dos meus sonhos... e por isso
Se perdem no abismo dessa mesma solidão
Que se mistura a chuva que cai...
O futuro sempre morre nos braços do medo
Que se funde ao acaso, como o beijo do inesperado
Fazendo florescer o impossível
Meu futuro é como a flor que exala
O perfume da noite e fenece pela manhã....
sábado, 12 de dezembro de 2009
Minhas guerras
Como do céu a chuva
São minhas às lágrimas
A mágica cristalina
De dissolver o mundo
Escorre em meu rosto
Como sobre a sarjeta
A água lamacenta das
Certezas crepusculares
Como do céu o fel
Amargo em minha boca
A morte lenta e sonolenta
Se despede do amanhã
Sonhado e entrincheirado
Na batalha única do viver
Pétalas de solidão
Logo as cores serão flores
Mas o cinza ainda tinge o céu
De chumbo na chuva que não pára de cair
Natal de minha primavera
Nascimento que se repete todo ano
Para morrer nos braços do verão e o céu
Por detrás das nuvens grita a tempestade
Úmida tarde quase primavera
Abre-se o sorriso que sepulta o inverno
Mas segue-se os versos jogados ao chão
Natal de minha primavera
Versando a úmida tarde da espera
Chovendo logos versos em pétalas de solidão
Cor morta
Por inteiro da beleza que
Agora lúcido já não sinto
No íntimo raio de visão
Cegar-me lucidez minha
Ex-vida extinta e tinta
Cor de minha aquarela
Esbranquecida e retinta
Vinho em rubro copo
Onde bebo a cor de tua taça
Posto que em minhas veias
A mesma rubra cor anseia
Por se libertar glóbula defesa
Que nos protegem da dor de amar
Dizer-te em lágrimas
O único verbo do meu dia
Dizer-te em teus lábios
Minha indelével poesia
Sorrir-te em meus braços
Minha e tua agonia
Sorrir-te totalmente em
Minha inefável alegria
Beijar-te minha em lábios
Rubros como teu rosto
Beijar-te em rios de desejos
Minha correnteza sede
Depois, ser-te o silêncio
Dos teus olhos vagos
Brotando líquida e quente
Minha saudade em tua lágrima
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Quem sabe?
tão triste dias
tão triste noites
a beleza da face rosada
os olhos vermelhos cor de coração
tristeza, tristeza...
tão triste canção
tão triste sequidão
a beleza dos rios afogados olhos
escuro turvados cor de carvão
tristeza, tristeza...
tão séptico
tão desesperançado
a beleza cintilada disfarçada
em palavras cor de desilusão
tristeza, tristeza...
tão depressiva
tão incisiva
a beleza da dor serenando a alma
vesperando as lágrimas cor de emoção
tristeza, tristeza...
tão bela e tão triste
tristeza. tristeza...
infinita cor de minha alma...
Tempestade intrínseca
Ainda chove
Mas a tempestade não vêm
Quisera findasse tudo de uma vez
Essa espera que já não acredito
Esse dito que todos duvida
Ainda chovia
E ele a si mesmo dizia
Dane-se o mundo e sua vã hipocrisia
O desassocego e a rebeldia
Essa luta ? vencer na vida?
Acreditas....? és um tolo,
traçar objetivos
Conquistá-los e fazer-se orgulhoso
Do quê, e pra quê?
E a chuva caia... agora tornara-se uma enxurrada
Que descia morro a baixo, fazendo sangra-lo
O magma misturava-se ao sangue
Jorrando das entranhas da pobreza
Ao longe o grito das crianças que parecia lavar a alma com a chuva
Não demoraria muito, até que alguns barracos
Virassem jangadas morra abaixo
Deslizando até se perder como tantos em seu destino escorregadio
Perderam a vida nas encostas desses morros
Contrastando com o vento gelado da chuva lá fora
Um suor escorria em sua testa
Enquanto uma bacia aparava as lágrimas
Que caia do telhado marcando o compasso de sua agonia
É verdade, chovia, e a casa como sempre estava vazia
Como vazio estava o seu peito
Quando de um quarto sem jeito
Uma voz perguntara
A tempestade passou?
Naquele momento olhou para o horizonte
E constatou que ela ainda continuava em seu peito.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Ofegante
dirá ao peito o que os lábios fracamente pronunciarem
Só haverá o olhar triste da tarde se despedindo
Pedindo aos últimos raios de luz que volte a brilhar
O que fora dormir nos braços da noite que vi nascer em teus olhos
Só haverá o pesar dessa mesma tarde deitando sobre as flores
O perfume do seu corpo...
Nada, nem mesmo a silêncio do dia na canção do vento
Dirá aos lábios o que o peito esconde em sua respiração ofegante...
Anoitecer
Nunca mais fomos nós
Nunca mais fomos
Nunca mais
Nunca...
Fomos apagando aos poucos e anoitecendo
Fomos apagando aos poucos
Fomos apagando
Fomos...
Nunca...
Nunca mais
Nunca mais fomos
Nunca mais fomos nós
Nunca mais fomos nós mesmos
Fomos...
Fomos apagando
Fomos apagando aos poucos
Fomos apagando aos poucos e anoitecendo