quarta-feira, 31 de março de 2010

Abandono de mim

16h:36 31/03/2010

Tudo em mim te pertence
E eu não sabia...
Não sabia que te entregaria
Sem medida tudo o que sou
Que acordaria da escuridão
De minha angustiante alma
Para o brilho castanho esverdeados
Dos teus olhos de fogo
Tudo em mim é teu e te pertence
E eu não sabia...
Que era eu espera envelhecida
No porto de agonia divisando tua vinda
Que me jogaria em ti
Em desespero e aflição
E te estenderia com mãos
Ensangüentadas o próprio coração
Que minha ação única
É te esperar, aguardar o momento
Em meio ao tormento de não te tocar
Tudo em mim é teu e te chama
E eu não previa...
Que tu chegaria como a poesia
Desvirginando o papel em branco...
E que todo o pranto seria ao mesmo tempo
Tristeza, dor, felicidade e esperança e alegria
E que tudo em mim gritaria o teu nome
E que a fragilidade de existir
Explodiria como uma bofetada em meu rosto
Me fazendo provar o gosto
Desse sentimento em chama
Tudo em mim te pertence e te sente minha
E eu não previa...
E eu não sabia...

Crepúsculo em mim

31/03/2010 14h:20

Não consigo mais
Não suporto mais
Preciso do dia em sua plenitude
Não aguento tanto crepúsculo
Preciso de uma fresta ao menos
Para que eu possa divisar o sol
E não apenas o momento
Em que ele se deita para morrer a luz
Não suporto mais...
Não consigo...
Não finjo minha escuridão
E o meu desespero
Me mostrem um meio de levantar a luz
Que insiste em me virar as costas
Esse crepúsculo constante
Me aflige é como se não fosse noite
E não fosse dia...
Parece uma paralisia do tempo
Pausa na canção das horas
Não chego e não vou embora
Tudo em mim é triste e chora
Torna-se crepúsculo como estou agora

domingo, 21 de março de 2010

Falta de ti

Sol, céu azul...
Nuvens brancas...
Verão, mares morrendo na praia
Do que vale tudo isso
Quando se acorda
Com um silêncio profundo na alma
Um silêncio que vai apagando as coisas
E impregnando todo o ar
Um silêncio veemente que machuca
Um silêncio que transforma vinho em sangue
Que rouba dos olhos o sonho e a esperança
Que faz de tudo em nós
Uma nota aguda de tristeza...
Que interroga e desnuda o próprio ser
Sol, céu azul
Nuvens brancas...
O voo dos pássaros
A ameaça da chuva...
E um silêncio crescendo
Tomando tudo a sua volta
A nota aguda toca aos ouvidos melancólica solidão
O dia não acaba e se arrasta nos ponteiros do relógio
E, eu vou mergulhando lentamente no silêncio
A saudade desagua como rio...
O silêncio passeia pelo meu corpo até escorrer em meus olhos

A dança absoluta

Que toda a minha loucura de amor
Seja compreendida como uma flor colhida
Por uma criança ainda virgem de todo e qualquer sentimento
Que toda a saudade que sinto venha como o vento
E soprem em teus ouvidos a cadência do meu coração
Que o ritmo de tudo que pulsa encontre no balé dos nossos corpos
A dança absoluta sob o canto de todos os pássaros no céu
Que o véu de minhas lágrimas como tempestade
Erga com mãos firmes o ímpeto de um novo sol
Que minha boca não diga nada, porque nada será possível dizer
Para além dos meus olhos queimando em brasa o meu amor por ti
Que minha vontade por ti e de ti, seja aceita
Como todas as madrugadas aceitam passivas
O apagar das estrelas para o nascimento da estrela maior
Que o meu desejo receba o perdão dos teus lábios
Como todo pecado existe para se entregar ao gozo da redenção
Que minha única ação e sentido esteja no verbo amar
Como a dor de vida que nos permite sentir e sonhar

Alma gêmea

Como posso ser
Se é em ti que existo
Se é em ti que insisto
Em morar e me abandono

Como posse ser
Se fico órfão de mim
Quando vais embora
E as horas me torturam

Como poso ser
Se me perdi nos labirintos
Do teu corpo no poço
Sem fim da saudade

Como posso ser
Se sou metade incompleta
Solidão e angustia
Sem teus lábios

Como posso ser
Se me apago como estrela morta
Restando apenas os últimos
Fios de luz do teu olhar em mim

Como posso ser
Se o meu ser se dilui
E encharca o meu rosto
E mancha o chão com minha dor

Como, me diz como poderei ser
Quando o amanhã não lhe trouxer
E, eu amputado de minha metade
Fenecer no vazio e não mais existir

Como poderei ser
Se nasci quando colada à mim
Fechei os olhos e então
Acordei para o sonho de viver

Como, como poderei ser
Como poderei ver a vida
A saída para o mar, navegar sem ti
Não... sem ti eu nunca serei