terça-feira, 20 de julho de 2010

Há dias em que tudo é mar

19/07/2010 19h:47

Há dias em que a tristeza
Parece querer nos devorar
Aflora a dor em flor e espinhos
No vermelho da última rosa

Há dias em que a tristeza
Avança os limites do coração
E os pés não encontram o chão
E voa o pensamento em solidão

Há dias em que a tristeza
Aperta o peito de um jeito
Que o único feito plausível

É chorar em prantos
O encanto da dor que é amar
Há dias em que tudo é mar

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Poema de aniversário

11/07
Eu que nasci primeiro
Renasci em ti dez meses depois
E quanto tive que esperar
Para te encontrar...
Para me encontrar em ti
O que de mim procurava
Eu não me lembrava
Que renascera em ti
Essa outra parte que tanto
Me faltava... e quando te vi
Revi quase imediatamente
O dia em que nascera
Trazias a luz nos olhos
Que acenderiam os meus
Muitos anos depois...
Não estive ao seu lado
Não caminhei teus primeiros medos
Nem tuas primeiras alegrias
Não assisti o teu primeiro sorriso
Você mirando o infinito
Em que estrela eu já te olhava
Na lágrima de sua primeira dor
Partilhávamos o mesmo céu
E estávamos tão distante
E eu como um menino amante
Das linhas perfeitas que desenharam
O teu rosto, não te conheci menina
Quando foi que o vislumbre do és hoje
Acordaram os olhos atentos
Para a tua beleza e você surpresa
Olhava o espelho...
Quantas manhãs dessa mesma data
Em tempos passados
Eu se quer sabia ou atentava
Para o que de mim vivia
E em ti habitava...
Eu já amava minha outra parte
Ah... o que eu não daria para ver-te
Em poética harmonia quando viestes
Ao mundo e o quão absurdo
Era ignorar tua existência
Nenhuma ciência saberá dizer
Da existência de um ser
Dividido em dois por tanto tempo...
Ah... quantas e quantas primaveras
Fizeram do teu sorriso a alegria das flores
Te vejo adolescente entre amigos
E sonhos que te acordaram a vida
Você vivaz espalhando seu perfume
Eu até posso ver o ciúmes
Das flores mal nascidas diante
De tanta essência... tua adolescência
Teus quinze anos...
Não dancei contigo e me lembro
Que estava só e já desconfiado
De minha incompletude
Você sorrias... sorrias...
Eu ensaiava os primeiros versos
E você já era toda a minha poesia
Quantas vezes será que olhamos
Em dúvidas da vida a mesa lua
Em noites em que a tristeza
Ofuscara e leveza do teu sorriso
E como se lembrasse de sua outra
Parte que ainda não conhecias
Se rendias à tristeza ...
Que admirarias alguns anos depois
Quando foi que o primeiro poema
Te acordou para a sensibilidade de alma
Que já estava em sua pele
E na delicadeza das pétalas em flores
Que não te pude dar...
Quisera nesse dia poder te abraçar
E selar com o tempo
A dádiva de tua existência
Quisera poder ver teus olhos iluminados
Daquele primeiro sol
Que lhe aqueceu o corpo...
Quisera poder dizer-te com olhos de amor
Que és a flor em perfume de vida...
E que o mundo se fez brando e poético
Quando do seu nascimento
E acrescentastes uma nota a mais
Na melodia da vida
Na canção do amor... e no meu coração

Soneto do nono mês II

Quisera meu amor sonhar e voar
Ao dia em que vi e senti nascer de seus lábios
A surpresa o medo e desejo de se dar por completo
Quando o ar foi insuficiente para respirar

Quisera meu amor como em pétalas
De flor te encontrar em perfume
De sorrisos e lembranças de estar aqui pra sempre
Tudo que um dia loucamente se quis amar

Quisera não fosse o impedimento
E o meu lamento por te esperar
E respirar cada vez mais a saudade

De toda a felicidade que ainda
Há de nos encontrar para ser bem mais
Que um sétimo dia de um nono mês, e te amar

Soneto do nono mês I

07/07/2010
Quisera cantar com todas as notas
A melodia desse dia
Sétimo dia em nona sinfonia
Em nono mês na sétima nota

Quiser cantar em pura harmonia
Minha felicidade em tudo que ainda
Está por nascer e dizer muito mais
Do que já foi dito pelo destino

Quisera poder enxergar
Com olhos de águia o profundo lago
Que em lágrimas de amor germinou tanta saudade

Quisera pegar nos braços essa criança
Ainda em infância de amar e ser o mar
Que em teu olhar se derrama ao encontro do meu

Depois do nono mês

08/07/2010 21h:27

E agora o que farei dos meus olhos
Que só enxergam os teus olhos
O que farei de minhas mãos
Que insistem em tocar apenas
A canção que emana do teu corpo

E agora o que farei de minhas verdades
Se em tudo que sinto e ouço é apenas
A voz da saudade gritando em meus ouvidos
A mesma canção no ritmo dos teus gemidos
Em meus braços em afagos de amor

E agora o que farei das horas em que não estais aqui
E tudo em mim diz em lembranças que a herança
Dos amantes é a dor da ausência como essência
De se querer pra sempre ao lado o lada mais
Fascinante da vida em dias em que tudo é apenas amar

Ah... meu amor agora será tudo o que for de melhor
Meu suor em teus cabelos colados ao meu peito
Em teu jeito único e poético de suspirar
O cansaço de se amar em suplicas de prazer
E minhas buscas desesperadas de te abraçar
Nas madrugadas de solidão e dor de te querer


E agora o que farei se não me sinto
Quando estou longe de ti...
Se minhas pernas não querem caminhar
Sem tua companhia e os meus passos são vazios
E sem direção alguma sem você...
Se minha boca deserta sem os teus lábios

Ah... meu amor agora o que será de nossos dias
Se mesmo separados não desatam os laços que une
E tudo se transforma em noite de silêncio e dor
Embora pela manhã se abra uma flor que exala
O perfume das lágrimas choradas na noite anterior
E agora... me diz... se me fiz todo amor e já não estou em mim